Em 2016 o Brasil vivenciou eleições municipais em que foram escolhidos para o poder executivo prefeitos e prefeitas e para o lesgislativo local vereadores e vereadoras. O presente artigo, tem por objetivo resgatar, a partir de um olhar feminista, a participação da mulher lésbica nas esferas do poder local focando, em qual espaço estão ás mulheres lésbicas dentro destas organizações partidárias. Em meio a uma crise política nacional, Salvador/BA teve apenas duas candidatas assumidamente lésbicas ao cargo de vereadora, Rafaela Garcez (PTN) e Larissa Moraes (PMDB), que defenderam a agenda política feminista lésbica num universo de 948 candidatos aptos, dos quais apenas 29% eram mulheres. Nenhuma das duas foi eleita. A partir da articulação entre os campos do Feminismo Lésbico e Negro com as Perspectivas Feministas da Política, o trabalho interseccionalizará os conceitos de gênero, sexualidade e poder com as dimensões da lesbofobia e do sexismo para compreender a participação e representação política de mulheres lésbicas neste espaço no municipio.
As reflexões que vou apresentar neste artigo fazem parte de minhas inquietações quando iniciei a pesquisa do projeto que submeter a seleção de mestrado, a partir da minha atuação nas estruturas partidárias e nos movimentos sociais feministas e lésbicos, bem como da minha aproximação e atuação como pesquisadora voluntária do GIRA/UFBA. nos estudos sobre as dinâmicas da invisibilidade da existência lésbica nas agendas e espaços de poder.
A atual conjuntura política no Brasil demonstra a dificuldade de sujeitas marcadas socialmente como mulheres, negras ou lésbicas alçarem postos de liderança e poder nos partidos políticos e nas instâncias governamentais, principalmente aquelas que apresentam projetos políticos progressistas pautados nas agendas feministas e LGBT. Embora, esteja bem no inicio de minhas leituras. Esse artigo traz minhas observações e reflexões a luz destas leituras e das entrevistas realizadas a duas candidatas assumidamente lésbicas como relato acima e do meu caminhar nas organizações políticas partidárias . Apresento aqui as seguintes perguntas: Onde está ás lésbicas nas organizações partidárias? Qual o perfil que desperta atenção aos olheiros dos dos partidos” elegem para serem candidatas ativas e autônomas ou” laranjas ? Essas lésbicas são engajadas no ativismo social e político?
A partir das entrevistas analisadas de forma ainda embrionária percebo que o movimento LGBT neste ano avançou colocando candidatas e candidatos em todos partidos, no entanto se percebe como ás lésbicas ainda de forma tinida disputa esse espaço, em quais agendas essas candidatas estão engajadas. Em momentos de perdas de direitos e de tantas violências a sujeitas fora do modelo hegemônico. Quais são esses novos sujeitos na nova configuração da política