Somos organismos contadores de histórias. E dentro das escolas e de outros espaços educativos (família, ambientes religiosos, espaços de lazer, ruas, trabalho, mídia, etc.) circulam várias histórias; no entanto, uma narrativa prevalece, torna-se hegemônica, e conforma os sujeitos a serem homens, ou melhor, a serem machos, brancos, heterossexuais, cristãos e burgueses, fundamentalmente. Desse modo, ao se estabelecer um modelo único e hegemônico de sujeito e de masculinidade dentro desses espaços; a educação acaba por retroalimentar, em seu interior, um círculo vicioso que (re)produz desigualdades de raça, gênero, sexualidade e classe. Sendo assim, a educação promove a desumanização para todxs aquelxs (negrxs, indígenas, mulheres, pobres, gays, lésbicas, transexuais, travestis...) que “escapam” da referência hegemônica de sujeito. Além do mais, o racismo e a homofobia são orquestrados como uma potente ferramenta pedagógica. Neste escrito, os marcadores sociais de raça, gênero, sexualidade e classe serão apresentados em uma perspectiva interseccional, polimórfica e polifônica. Baseando-me no método (auto)biográfico e inspirado nos estudos do/no/com o cotidiano, parto do princípio de que podemos aprender/ensinar com as histórias que contamos/ouvimos; assim, este artigo trará três narrativas (auto)biográficas de bichas pretas faveladas a fim de mostrar as suas (re)existências na educação e, com isso, tirar as diversas histórias “outras” de sujeitos “outros” da invisibilidade e do isolamento.