O presente artigo é o resultado parcial de uma pesquisa vinculada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) cujo objetivo foi a análise da relação entre gênero, sexualidade, ancestralidade e o desenvolvimento de práticas esportivas na formação em Educação Física no Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (CFP- UFRB), localizado no Vale do Jiquiriçá, na cidade de Amargosa-BA. Investigamos como xs discentes e professorxs, nossxs sujeitos de pesquisa, compreendem a relação gênero/sexualidade/ancestralidade e o desenvolvimento de práticas esportivas durante o processo formativo. Trata-se de uma cartografia que lança mão da abordagem qualitativa, de natureza analítica, cujos procedimentos foram entrevistas semiestruturadas, entrevista coletiva (ainda em realização) e observações de campo. A cartografia busca fazer mapas de relações de força que desenham como atuam as tecnologias de gênero produzidas e em circulação nesse local de ensino-aprendizagem. Também buscamos compreender como xs docentes se relacionam/intervêm nesse contexto, se seus planejamentos e metodologias são pensados para a desestruturação/desarticulação dos arranjos de biocódigos do sistema binário que sustentam os discursos heteronormativos, e como os discentes se posicionam frente a tais discursos. Como as práticas fundadas na heterossexualidade compulsória se conformam durante as práticas esportivas, principalmente nos esportes coletivos, onde a interação entre os gêneros e as múltiplas sexualidades se apresenta de maneira mais intensa e perceptível? Como as regras e tecnologias do esporte incidem sobre a cultura corporal já construída pelo saber pretérito e circulante nos fazeres diários destes que aqui chegam? A conclusão dessa pesquisa muito provavelmente não trará soluções/respostas evidentes para as grandes minorias que estão em busca de reconhecimento e respeito e nem tampouco gerará por si só promoção de pedagogias mais engendradas na cultura local, mas com certeza deixará questionamentos e inquietações, estimulando a reflexão sobre a “naturalidade” das ações humanas formativas, especialmente na educação física onde a pesquisa em gênero e sexualidade vem assumindo lugar de produção e reflexão.