Trabalhando a partir do endosso da escola à heteronormatividade, compreendemos que o espaço escolar – especificamente em contextos rurais – pode ser um ambiente violento para as subjetividades e corpos que transgridem aos binarismos de gênero e de sexo. Ao analisar a trajetória de estudantes homossexuais negros egressos de uma escola rural do Litoral Oeste do Ceará, objetivamos compreender quais tensões marcam as trajetórias destes jovens gays na escola rural, e quais estratégias estes indivíduos elaboram quando desejam viver publicamente suas identidades sexuais e de gênero. Esta pesquisa qualitativa foi desenvolvida mediante realização de entrevistas semi-estruturadas, a partir do trabalho de campo construímos um estudo de caso, de acordo com o contexto pesquisado. Esta pesquisa reflete que a organização social nas escolas rurais acontece em função da diferenciação sexual e de gênero. Esta organização hierarquiza sexualidades, conferindo um lugar privilegiado à heterossexualidade enquanto ocupa-se em precarizar e diminuir politicamente a homossexualidade. As trajetórias dos sujeitos investigados recuperam tensões características à vida gay na escola, embora aqui destaquemos experiências na escola rural. Estas demarcam um campo fértil de pesquisa, a homossexualidade nas escolas de zona rural. Os homossexuais pesquisados mostraram que na emergência da homofobia e do sexismo reinventam suas identidades, construindo alianças com outros grupos diminuídos e assim minimizam os efeitos da violência homofóbica.