A escola é tradicionalmente definida como um espaço e tempo de aprendizagem. Na modernidade, com a democratização dos espaços públicos, pelo menos na cultura ocidental, as crianças e adolescentes que frequentam a escola também fizeram dela um lugar de amizade e de convivência. Ela certamente conserva a sua característica de disciplinação dentro de uma perspectiva foucaultiana, mas junto com estas características tornou-se também para muitas crianças, adolescentes e adultos um lugar de “bulliying”, de agressão e de exclusão devido à forma corporal, cor, manifestação de gênero ou simplesmente herança étnica ou nacionalidade. Neste estudo refletimos sobre um dos aspectos que os alunos podem ser chamados a enfrentar na sua convivência escolar, especificamente a sua orientação sexual. Fazemos isso num processo observarcional dentro de uma perspectiva de De Certeau (1980 – 2011) Walking in the City – “Caminhando na cidade”. O nosso caminhar é pela escola, no interior do RS, Brasil e as paisagens humanas que ali se sucedem são confrontadas com os dispositivos e literatura que analisa e procura significar esta caminhada da adolescência brasileira. Os resultados mostram os atores da sala de aula, professores e alunos, vítimas de preconceitos, recebendo convites da sociedade e da própria escola para se refugiarem no silêncio gestual para protegerem suas vidas numa dignidade encoberta pela capa do medo gerado por uma sociedade homofóbica, racista e sexista.