As interações interpessoais observadas nas ações interceptativas nos esportes coletivos podem ser entendidas e estudadas como um sistema adaptativo complexo, onde os jogadores se coadaptam a partir dos constrangimentos do contexto de ação. Neste entendimento, o ambiente de prática deve favorecer a vivência e exploração de situações variadas que demandem soluções de problemas funcionais do jogo, principalmente considerando o relacionamento entre defensores e atacantes no contexto de ação. O jogo do bobinho é um pequeno jogo comumente praticado no contexto de ensino-aprendizagem-treinamento a fim de proporcionar aos jogadores situações de movimentações e troca de passes em espaços limitados. Nestas situações, os jogadores atuam sob marcação imediata e reduzida janela temporal para a tomada de decisão. Embora este jogo seja comumente utilizado no ambiente de prática, pouco se sabe sobre as adaptações que emergem das interações interpessoais deste jogo bem como os efeitos de manipulações da tarefa que alteram a intensidade da marcação. Assim, o objetivo deste estudo foi descrever, em diferentes categorias de formação no futebol, a tendência de coordenação interpessoal sob diferentes intensidades de marcação. Para tanto, 20 participantes distribuídos em quatro categoria de idade (sub13: n = 5, sub15: n = 5, sub17: n = 5 e sub20: n = 5) realizaram o jogo do bobinho no próprio ambiente de treinamento, combinando 4 condições experimentais: espaço ampliado (espaço de jogo de 9 m de diâmetro) e posse de bola livre (AL), espaço ampliado e posse de bola restrita (apenas um contato com a bola) (AR), espaço reduzido (espaço de jogo de 6 m de diâmetro) e posse de bola livre (RL), e espaço reduzido e posse de bola restrita (RR). O bobinho foi realizado por 5 minutos em cada categoria de idade e condição experimental em uma configuração de 1 marcador (localizado na região central do jogo) e 4 passadores (distribuídos ao redor do marcador). As tendências de coordenação interpessoal foram verificadas por meio da distância com a bola utilizando técnicas de correlação corrida e cruzada. Os resultados demonstraram que marcador e passadores são fortemente acoplados, mantendo uma tendência coordenativa predominantemente simétrica (em fase) e que a intensidade da marcação e a experiência na modalidade fortalecem tal acoplamento. Conclui-se que a coordenação interpessoal pode ser analisada como um processo emergente e auto-organizado no contexto de ação, abrindo novas linhas de estudo e intervenção no esporte coletivo de invasão. Apoio CAPES e FAPESB.