A partir das vivências em sala de aula na disciplina de Educação Física Adaptada na UEPA, onde foram ressaltadas as dificuldades que a pessoa com deficiência visual (PCDV) possui em seu cotidiano, surgiu uma inquietação: será que o esporte pode melhorar a percepção da qualidade de vida dessas pessoas? A partir desse questionamento foi formulado o objetivo deste estudo, que foi analisar a influência da prática de goalball na percepção da qualidade de vida de pessoas com deficiência visual do município de Tucuruí-Pará. O estudo consistiu em uma pesquisa descritiva de abordagem quali-quantitativa, realizado em uma escola pública de Tucuruí, através de um projeto social intitulado “Esporte Paralímpicos: uma perspectiva de inclusão social”. Participaram da pesquisa 15 pessoas com deficiência visual, de ambos os sexos, com idade entre 16 a 30 anos, dentre os quais 10 são praticantes de goalball (Grupo Praticante de Goalball - GPG) e 5 não praticantes (Grupo Controle – GC). Para coleta de dados foram aplicados dois questionários, o primeiro envolveu perguntas abertas e fechadas para a identificação e perfil sócio demográfico dos participantes e perguntas relacionadas à influência da prática de goalball. Já o segundo para avaliar a percepção da qualidade de vida por meio do protocolo da Organização Mundial da Saúde “WHOQOL-bref”. Para análise dos resultados optou-se pela apresentação gráfica dos percentuais. Os resultados oriundos dos questionários mostraram pontos positivos em relação à prática de goalball (26,66% elencaram a socialização, 20% a melhora na coordenação motora e 16,66% a melhora no condicionamento físico), a precariedade do espaço (62,5% apontaram que o espaço é adequado) e materiais (90% disseram que os materiais são precários) para a prática da modalidade e a importância do goalball na vida dos praticantes (25% apontaram a socialização, o enfrentamento de problemas pessoas e o despertar de interesse na prática esportiva). Quanto à percepção da qualidade de vida analisada de forma geral e através de domínios e facetas compõem o WHOQOL- bref mostraram uma significativa relevância da qualidade de vida dos praticantes de goalball em comparação com as médias do GPG e do GC, com relação aos quatro domínios propostos pela OMS (Ambiente: CG 1,08 e GPG 13,5; Relações sociais: GC 0,73 e GPG 16,8; Psicológico: GC 0,99 e GPG 17,4; Físico: GC 10,06 e GPG 16,69; Total: GC 45,00 e GPG 74,62). Portanto, a qualidade de vida de pessoas com deficiência visual pode ser influenciada pela prática de goalball. Uma forma mais abrangente sobre a influência da modalidade na vida das PCDV necessitará de pesquisas com diferentes formas de investigação para além das abordagens realizadas no presente estudo. Pode-se destacar uma maior demanda do público alvo, a periodização do treinamento da modalidade e uma pesquisa mais abrangente do estilo de vida dos que não praticam a atividade.