Resumo: As adivinhas, textos oriundos da tradição oral, a exemplo de outros textos dessa mesma origem, como os contos de fadas, têm sofrido processos de recorte e facilitação que os levam a serem cada vez mais demandados a um público infantil. Da condição de texto divulgado através de processos orais, na interação entre boca e ouvido, em presença, geralmente mediada por um grupo, as adivinhas têm sido divulgadas por publicações que mantêm o seu caráter lúdico de jogo de palavras, mas escolhe as versões mais facilitadas, o que vem sugerir uma simplificação ou facilitação que não caracteriza o gênero. Se essa facilitação favorece incluir crianças como detentoras de acervos de adivinhas, por outro lado diminui a preferência dos adultos no que se refere a buscar esse jogo de palavras. Considerando que as adivinhas podem integrar acervos endereçados também à sala de aula, considerando as características multimodais que compõem as adivinhas, observa-se as várias formas de presença desse gênero nas relações sociais das comunidades, escolares ou não. Neste artigo, discute-se a presença das adivinhas, divulgadas não só através de alguns suportes textuais, mas também através da brincadeira, na oralidade, em performances que integram outros textos orais e os fazem presentes na memória coletiva. Analisam-se possibilidades de utilização desse gênero textual oral em um contexto pedagógico de ensino e aprendizagem, além de incentivo das capacidades de dizer, ouvir, ler e escrever, não só de crianças, mas também de jovens e adultos. Para apoiar teoricamente essa discussão, buscam-se as propostas de Isabel Solé, Angela Dionísio e Paul Zumthor, entre outros textos que iluminam a discussão e mostram a viabilidade da presença das adivinhas, também na escola, sem retirar desse gênero da tradição oral o seu caráter de ludicidade.