O nosso texto tem como objetivo fazer uma reflexão sobre o conto “Dama da noite”, de Caio Fernando Abreu (1948-1996), publicado pela primeira vez em 1988 no livro “Os dragões não conhecem o paraíso”. O conto narra uma conversa (quase monológica) entre uma pessoa, nomeadamente “puta” e “velha”, e um jovem, ambas/os bebendo e fumando em um bar. Assim, nos propomos a pensar sobre como é possível fazer um diálogo – uma conversa – entre um conto que evidencia saberes historicamente subalternizados e desqualificados (inclusive no âmbito literário) e um contexto majoritariamente povoado por pessoas que têm experiências com um tipo de educação também historicamente deslegitimado, tal como a educação de jovens e adultas/os (EJA). O trabalho tenta, portanto, valorizar a produção de diferenças em um contexto de EJA, onde qualquer estudante possa se reconhecer (ou tornar-se outra/o) em um texto literário e na sala de aula, independentemente de suas identidades sexuais e de gênero, de raça, de etnia, de classe social, de idade, de credo religioso, de nacionalidade e de língua.