Este trabalho analisa as vozes de outrem materializadas no texto acadêmico, objetivando descrever, analisar e interpretar as funções que essas vozes desempenham na construção de sentidos do texto. O trabalho caracteriza-se como uma pesquisa descritiva e documental, de base qualitativa e quantitativa. Como base teórica, dialoga com os postulados de Bakhtin (1990), Authier-Revuz (1990) e Maingueneau (1996; 2002) e, também, com os estudos de Boch e Grossmann (2002), Pereira (2007), entre outros. O corpus deste estudo é constituído de 06 produções textuais elaboradas por estudantes do 6º (sexto) período do Curso de Letras/Português de uma instituição pública, durante o semestre letivo de 2011.1, como resposta a uma questão avaliativa. A análise qualitativa revela que os estudantes mobilizam o discurso citado com três funções, a saber: (i) fundamentar uma afirmação; (ii) introduzir um ponto de vista e; (iii) completar um dizer. Na perspectiva quantitativa, predomina a função introduzir um ponto de vista, seguida da função de fundamentar uma afirmação e, por último, a função de completar um dizer. Diante dessas ocorrências, verifica-se que o estudante se apropria da voz do outro como forma de consolidação de seu dizer (PEREIRA, 2007). Revela, portanto, que a voz do outro se configura como elemento instaurador de sentidos. No entanto, as superposições de ideias do outro pode causar problemas na escrita acadêmica, isso porque silencia a voz do estudante em um contexto que exige um pensamento crítico, criativo, avaliativo, do qual surgem a criação de ideias, de teorias, de sínteses, etc..