É notório que a literatura para a infância produzida no Brasil vem ganhando cada vez mais legitimidade no espaço da literatura nacional. Dentro desse escopo, as obras estão mais pluralizadas, reconhecendo as diversas e multifacetadas formas de representações. Neste artigo, caberá a nós uma abordagem sobre as representações de personagens femininas negras assumindo o papel de princesas. Para ilustrar nossa discussão, abordaremos as negras princesas em duas obras: “Princesa Violeta” (2008), escrita por Veralindá Menezes e ilustrada por Rogério M. Cardoso e “O casamento da Princesa” (2009), de autoria de Celso Sisto e ilustrações de Simone Matias. Interessa-nos averiguar se e como essas narrativas contribuem para expandir os horizontes da produção literária infantil, sugerindo um novo olhar sobre a leitura de contos de princesas, seja enquanto estrutura seja em sua composição estético-literária. Sobre as personagens femininas, verificaremos como são representadas, se realmente contribuem para o debate ou se apenas se valem da cor da pele como pretexto nas narrativas. Além disso, acreditamos que essas narrativas são instrumentos favoráveis para fortalecer a reflexão sobre o emponderamento de crianças, que podem desconstruir estereótipos sobre a pessoa negra e construir uma revalorização desses indivíduos por meio de suas representações positivas. Embora elaborar uma abordagem metodológica para o ensino não seja nossa pretensão, defendemos que a inserção desses textos literários no ensino básico ajudaria numa formação transformadora do leitor. A literatura, mesmo que muitas vezes sem pretensão, tem o poder de desconstruir os estereótipos há tempos arraigados em seu discurso para, enfim, contribuir para fomentar uma formação estética e humanizadora não preconceituosa dos sujeitos-leitores.