Introdução: Ao envelhecer, o declínio neurofisiológico, morfológico, muscular e sensorial natural ou patológico podem comprometer a segurança e a eficiência da deglutição do idoso. Nessa fase da vida, a identificação precoce da dificuldade para deglutir pode minimizar as chances de complicações clínicas como a pneumonia aspirativa, desnutrição e desidratação, além de permitir a manutenção do prazer alimentar e evitar o isolamento social do idoso em relação ao ato de comer. A videofluoroscopia consiste na avaliação radiológica dinâmica de todas as fases da deglutição. Por meio deste procedimento, é possível identificar interações e alterações morfofuncionais que podem auxiliar no diagnóstico, prognóstico e reabilitação das dificuldades de deglutição. A manutenção de resíduos (estase) nas estruturas do trato orofaríngeo após a deglutição está associada à fraqueza muscular e comprometimento da organização neurofisiológica, condições inerentes ao idoso. A estase pode provocar desconforto no paciente e representa risco de penetração laríngea ou aspiração traqueobrônquica após a deglutição. Objetivo: descrever a frequência de estase na deglutição de idosos. Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo, observacional, transversal. A população foi composta por 16 idosos de ambos os sexos com média de idade igual a 70,94 ±8,97 anos. Os dados foram obtidos a partir da consulta ao banco de dados dos exames videofluoroscópicos realizados de janeiro de 2012 a maio de 2013 em um hospital universitário. As variáveis consideradas foram: idade, sexo e presença ou ausência de estase em assoalho de boca, palato duro, língua, base de língua, valécula, parede posterior de faringe, aritenoides, transição faringoesofágica e recessos piriformes. Para análise descritiva dos dados foram consideradas as frequências absolutas e relativas. Para avaliar associação entre as variáveis foi aplicado o teste Exato de Fisher. Foi considerado nível de significância de 5%. Resultados: Todos os idosos apresentaram estase em, no mínimo, uma das estruturas consideradas na avaliação. Os sítios anatômicos com mais frequência de estase foram: valécula (n=14; 87,5%), base de língua (n=12; 75%) e assoalho de boca (n=10; 62,5%). O local com menor frequência de estase foi a parede posterior da faringe, em apenas 3 idosos (18,8%). Não foi encontrada associação entre sexo e estase, bem como entre os sítios anatômicos estudados. Conclusão: nessa amostra, a videofluoroscopia da deglutição evidenciou elevada frequência de estase em idosos, especialmente em valécula, base de língua e assoalho de boca.