O presente trabalho configura-se como um estudo acerca da concepção e da necessidade do amor para as mulheres do século XX, considerar-se-á, pois, como as relações e os comportamentos da protagonista do conto ‘A moça tecelã’, de Marina Colasanti (2004), assemelham-se aos hábitos da sociedade burguesa do século XX. Tendo em vista, que em um primeiro momento a tessitura pode representar as privações ainda vividas no ambiente doméstico, pois, estando cansada de viver sozinha, ela desejava agora alguém com quem dividir sua vida, ansiava por casar e ter filhos. Mas, uma outra possível interpretação é a tessitura como meio de resistência, pois, no conto, a mulher é responsável por tecer sua própria história, tendo sobre ela o domínio necessário para tecer suas próprias decisões. Pretende-se, pois, contrapor o ideário do amor romântico, burguês, àquele apresentado no conto de Colasanti, tendo em vista que, em um primeiro momento, a protagonista deseja esse amor como uma condição necessária à sua felicidade, não tardando a se frustrar, posteriormente, após a concretização dele. Portanto, compete a esta análise discutir acerca da mulher como protagonista de sua própria história e, consequentemente, de sua própria felicidade, compreendendo não somente a sua capacidade de construir/tecer um amor, representado pela vida matrimonial e pela tessitura de um homem/esposo, mas, sobretudo, em sua capacidade de desconstruí-lo/destecê-lo. As atitudes da moça tecelã evidenciam que a felicidade é uma construção subjetiva, portanto, não depende, necessariamente, do outro para ser construída. Para as discussões aqui propostas, recorrer-se-á ao aparato teórico de autores como Bauman (2004), Del Priore (2011), Giddens (2002), Kolontai (2011), entre outros.