O presente trabalho tem como objetivo verificar os tipos de preconceito e/ou discriminação vivenciados ou presenciados por estudantes que frequentam uma escola pública no município de Marabá-PA, relacionando-os ao seu perfil sociocultural. O estudo se baseia no Projeto de Extensão denominado Formação Continuada e Produção de Metodologias de Ensino Pautadas na Diversidade Cultural (2016), realizado no âmbito da Faculdade de Ciências da Educação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. A pesquisa foi realizada a partir de um estudo de caso, desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Salomé Carvalho, nas turmas do 8º e 9º ano. Para obtenção dos dados foram investigados 64 alunos que compõem tais turmas. Assim, foram identificados 35 estudantes do gênero feminino e 29 do gênero masculino. Embora o questionário apontasse a opção “outro” para identificação do gênero não houve nenhuma marcação nessa opção pelos estudantes. O instrumento utilizado pela equipe de pesquisa contou com perguntas nas seguintes categorias: escolaridade; características étnico-raciais; naturalidade; religião e percepção sobre preconceito/discriminação. Durante a aplicação do questionário os estudantes refletiram sobre si próprios, principalmente na pergunta condizente com suas características étnico-raciais, na qual se voltaram para a observação mais atenta aos seus aspectos físicos. O questionário apresentou as opções negro, branco, indígena e outro para identificação da raça, apresentando como resposta 71% dos estudantes se caracterizaram como negros e outros (pardos e morenos), 25% brancos e 3% indígenas. Vale ressaltar que a região na qual residem os sujeitos investigados possui várias aldeias indígenas, no entanto a porcentagem de indivíduos que se autodenominaram dessa etnia é a menor dentre as demais. Chama a atenção também o fato da diversidade étnico-racial fazer parte da constituição da natureza humana e ser uma característica marcante em qualquer sociedade, presente nos diversos grupos e espaços sociais (GOMES e SILVA, 2011), mas a valorização das diferenças e o reconhecimento de si ainda parece ser algo pouco explorado no contexto educacional, demonstrado pela baixa familiaridade dos estudantes investigados em relação ao reconhecimento imediato de seu perfil étnico-racial ou mesmo sua aceitação, uma vez que 31% dos indivíduos investigados se autodenominaram pardos ou morenos, o que pode ser um indício da falta de auto-afirmação de sua cultura afro-descendente. Quando questionados sobre se já se sentiram discriminados por algum motivo ou se presenciaram alguma cena de preconceito na escola, a maioria afirmou que sim. Embora o estudo tenha explorado poucas questões, estas foram eficientes na identificação de situações que precisam ser corrigidas no âmbito educacional. O fato da auto-afirmação, resgate e reconhecimento da história e cultura que origina cada indivíduo é algo já fomentado pelas políticas públicas, como o caso da lei nº 10.639/2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira”, no entanto, conforme observado no estudo, tal situação ainda não logrou o êxito esperado.