Neste trabalho pretendemos estudar a construção performativa de identidades sociais de gênero na chamada cultura nordestina. Em especifico, objetivamos refletir e denunciar opressões e violências que se materializam ideologicamente nas escolhas/construções linguísticas do forró eletrônico, por meio de formas corriqueiras de marcar/postular identidades de gênero para os sujeitos, através de subjetividades regionais (ALBUQUERQUE, 2003) que atravessam a história e são atualizadas como "O Play Boy Pegador" e "A Mulher Submissa". Nesse sentido, tivemos como ponto de partida a análise dos atos de fala, letras de músicas, (AUSTIN, 1990) reiterados pelo forró eletrônico, no jogo de linguagem shows de forró. Atentamos, portanto, para o uso ordinário em jogos de linguagem que se faz em uma dada gramática cultural (NOGUEIRA, 2010, WITTGENSTEIN, 1989) do "forró eletrônico". Utilizamos como aparato teórico os estudos de autores preocupados com as dimensões éticas, políticas e ideológicas das pesquisas em linguística na contemporaneidade, ao levarem em conta a responsabilidade ou a relevância social dos trabalhos em pragmática, são conscientes da contribuição desses estudos para a superação e emancipação de problemas sociais vigentes (RAJAGOPALAN, 2003, 2006, 2010, NOGUEIRA, 2006, 2009, PINTO, 2002, FAIRCLOUGH, 2001). Preliminarmente, percebemos que tais jogos de linguagem têm performatizado identidades e fabricado essências, modos de ser e estar para os gêneros, acarretando relações desiguais entre homens e mulheres.