A seca é o elemento central do patrimônio climático e simbólico do Nordeste, afetando as atividades econômicas e o cotidiano das comunidades. A resposta ao problema tem sido feita essencialmente numa lógica de cima para baixa, assumindo a União e depois os Estados a coordenação da resposta ao problema nas suas várias dimensões, procurando fazer chegar água onde é necessária e dando resposta a situações emergenciais. Em secas prolongadas como a registrada desde 2012 o efeito sobre a população conhecem episódios trágicos com a morte a chegar aos campos e com a chamada fuga dos retirantes retratada na literatura e no cinema. Apesar de reunidas as condições para se registrar nova catástrofe humanitária e ambiental isso não tem sucedido, o que demonstra alguma eficácia das atuais políticas, ainda que fortemente centradas na mitigação do problema e pouco orientadas para a adaptação futura, promovendo uma efetiva convergência com o semiárido. Num cenário que aponta para o agravamento das condições climáticas e de agravamento da crise econômica, que agravarão a já frágil condição social das populações, é oportuno relançar o debate sobre a temática da seca e gestão dos recursos hídricos no Rio Grande do Norte, colocando na agenda de pesquisa, na agenda dos cidadãos e dos movimentos sociais. O artigo proposto refere-se uma iniciativa do SEMAPA - Socioeconomia do Meio Ambiente e Política Ambiental, do Departamento de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que procura ser simultaneamente um polo de dinamização do debate e um incentivo à pesquisa.