Por ser considerada um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, é importante refletir na gravidade das consequências da hipertensão arterial, justificando a importância dos profissionais da saúde estarem constantemente a orientar e estimular o portador de hipertensão a modificar hábitos nocivos à sua saúde e auxiliando-o a controlar seus níveis pressóricos. Dessa forma, objetivou-se descrever o perfil de idosos com hipertensão que apresentam problemas na adesão terapêutica, enfocando alguns fatores de risco cardiovascular. Estudo descritivo, transversal, quantitativo, desenvolvido por enfermeiras e acadêmicos de enfermagem com idosos de uma Unidade de Saúde da Família no município de Crato/CE. A população foi composta por todos os idosos que apresentavam diagnóstico médico de hipertensão, sendo a amostra constituída por 45 idosos em tratamento farmacológico. A coleta se deu por fonte primária, no período de janeiro a julho de 2012. Os dados quantitativos foram submetidos à análise estatística descritiva e confrontados com literatura pertinente. O estudo foi avaliado por um Comitê de Ética em Pesquisa e aprovado para implementação. Ocorreu maior frequência do sexo feminino (62,2%), faixa etária entre 60 e 69 anos (62,2%), sendo que a maioria considerou-se parda (62,2%). A maioria dos idosos apontou que convive com companheiro (60%), possui baixa escolaridade (média de 2,42 anos, DP=3,09) e renda familiar baixa (média de 1,81 salário mínimo, DP=1,13). Sete idosos ainda exercem alguma atividade remunerada. Constatou-se que a maior parte dos idosos hipertensos estava com sobrepeso (42,2%) ou obesidade (35,5%) e circunferência abdominal superior à recomendada (85,7% das mulheres e 29,4% dos homens). Mais da metade dos idosos (55,5%) apresentou níveis pressóricos considerados elevados, de acordo com o preconizado pelas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. 42,2% dos idosos apresentam outras doenças associadas à hipertensão, como diabetes ou dislipidemia e 15,5% deles já sofreu com alguma consequência dos valores pressóricos descontrolados, como infarto ou acidente vascular cerebral. Ao se identificar estes fatores de risco, notou-se que apesar dos hipertensos referirem estar em tratamento medicamentoso, a pressão arterial e os outros parâmetros clínicos se mostraram alterados, o que pode aumentar os riscos para futuras complicações. Vale apontar aqui, a importância da associação entre a terapia medicamentosa e não medicamentosa, sendo que foi observado que esta modalidade de tratamento poderia não estar sendo executada adequadamente pelos idosos e, assim, ter influenciado para essas alterações. Conclui-se que apesar dos idosos mostrarem-se com estado de saúde cardiovascular regular, de estarem em tratamento farmacológico para hipertensão arterial há algum tempo e em constante acompanhamento multiprofissional de sua saúde, eles ainda sofrem com problemas relacionados à hipertensão, acarretando no aumento do risco desses indivíduos desenvolverem uma série de complicações decorrentes da doença. A identificação e o conhecimento, por parte dos enfermeiros, dos fatores de risco cardiovascular em grupos populacionais, como neste caso, os idosos, é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de saúde pública na prevenção primária visando a redução da morbimortalidade por esses problemas. Este é um dos aspectos a serem observados pelo enfermeiro no cuidado a essa população.