As crianças na faixa etária de 5 a 7 anos, em processo de alfabetização, realizam práticas orais lúdicas cotidianamente, expressam ativamente suas leituras, vivências socioculturais e sua alteridade. E foi visibilizando uma dessas vivências e a curiosidade das crianças sobre a narrativa contada por uma criança que se identificou indígena, que se refletiu sobre a importância lei 11.645/2008, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas instituições de ensino. Assim através de uma prática docente dialogando com a prática discente, este trabalho considerou as leituras e as expressões realizadas pelas crianças frente a apresentação contextualizada da cultura e historicidade indígena, procurando as envolver em um contexto de descobertas frente à imagens, narrativas e linguagens culturais, conhecendo e refletindo os modos de vida e a existência das diferentes culturas e sociedades presentes em torno e dentro de nossa comunidade. A partir das vivências dentro e fora da sala de aula, pretendeu-se com essa prática estimular a compreensão de novos significados, refletir sobre as predefinições absorvidas pelas crianças a respeito do povo indígena, e ainda procurar explorar da melhor forma por intermédio de livros da literatura infantil, vídeos e músicas, a diversidade étnica, territórios e vivências das crianças e adultos indígenas, ressaltando as etnias presentes em nosso estado da Paraíba.
Baseando-se nos estudos e leituras referentes a educação pública atual envolvendo as leis 10693/03 e 11.645/2008, a interculturalidade na educação e textos da antropologia da criança, este trabalho foi desenvolvido em uma escola pública de educação infantil e ensino fundamental I (1° ao 5° ano) na periferia de João Pessoa, na turma de 1° ano do ensino fundamental contando com 20 alunos, a qual atuava em 2015. Baseando-se em uma pesquisa qualitativa e de observação qualitativa, as crianças foram protagonistas neste processo, sendo sujeito colaborador e criador neste trabalho. Assim este trabalho traz uma perspectiva dialógica entre atividades lúdicas, histórias e rodas de conversa, procurando trazer algumas linguagens e a compreensão de novos significados relacionados a diversidade étnica indígena brasileira, e ainda vivenciando experiências relacionadas especificamente sobre as etnias indígenas da Paraíba. Este trabalho trouxe, portanto, modos de diferentes de ser e estar, de aprender e ensinar, de ouvir e de se expressar, de se valorizar e se reconhecer como índio, negro, branco, ou mesmo ter dúvidas em relação à sua descendência étnica, mas conhecer esta diversidade história, social e cultural é imprescindível, desconstruindo o que décadas pejorativamente e eurocêntricamente foi imposto nos bancos escolares.