Artigo Anais III CIEH

ANAIS de Evento

ISSN: 2318-0854

MAUS-TRATOS A IDOSOS: UM OLHAR INTERDISCIPLINAR

Palavra-chaves: MAUS-TRATOS, IDOSOS, EQUIPE INTERDISCIPLINAR Relato de Experiência(RE) Atenção integral à saúde: promoção, prevenção, tratamento e reabilitação do idoso
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Publicado em 15 de junho de 2013

Resumo

Resumo: De acordo com a OMS, o abuso de idosos vem se caracterizando como uma relevante problemática da saúde pública, não somente pelos danos físico, mental, emocional ou sexual, como também pela maneira sorrateira com que esses atos acontecem. Os maus tratos corresponderiam a atos repetidos ou isolados, ou ainda, a ausência de medidas apropriadas (negligência), intencional ou não, que culminariam em prejuízos significativos à qualidade de vida do outro que necessita destes cuidados. Neste contexto, o presente trabalho, visa compartilhar a experiência da Psicologia junto à equipe de Geriatria e Gerontologia em um hospital da rede estadual de saúde de Pernambuco, destacando a importância do trabalho interdisciplinar na identificação de maus-tratos infringidos por acompanhantes de idosos internados nos leitos de Geriatria. Dentre os casos existentes, podemos destacar o acompanhamento de um paciente do sexo masculino, 69 anos de idade, casado, professor de Geografia aposentado, residente em Recife, que deu entrada no serviço hospitalar apresentando dificuldade de deambulação há nove meses, ocorrendo nesse período dois internamentos ocasionados por edema agudo de pulmão, infecção do trato urinário e síndrome consumptiva. Com a realização da investigação diagnóstica e avaliação do paciente foi constatada perda cognitiva, tendo, por isso, além de outras hipóteses referentes a história de sua doença que cursava há dois anos, sido levantada também a hipótese, a princípio até de início de quadro demencial, além da dificuldade na realização de atividades da vida diária e instrumentais, dependência de cuidados e necessidade de auxílio de terceiros, bem como, presença de humor deprimido e sentimento de desesperança reativo ao denso histórico de internamentos do paciente e da limitação ao leito no seu processo de adoecer. Ao longo do acompanhamento interdisciplinar e das reuniões clínicas realizadas pela equipe de Geriatria e Gerontologia, fora observado e discutido a pouca atenção e ineficiente suporte da acompanhante (cuidadora remunerada pela família), que comumente não estava presente nas visitas realizadas pela equipe de saúde, e quando presente, apresentava pouca colaboração no auxílio de suas necessidades. Através da identificação do comportamento negligente da acompanhante, evidenciado não somente pela observação da equipe, confirmadas pelo paciente quando questionado, a equipe entrou em contato com a família visando pontuar e esclarecer os possíveis danos e riscos dos serviços prestados pela acompanhante que já acompanhava o mesmo antes de sua hospitalização atual. O contato da equipe com a família culminou na substituição da acompanhante por uma sobrinha do paciente, que juntamente com a continuidade do acompanhamento interdisciplinar contribuiu em uma melhora significativa tanto da relação do paciente com sua patologia e da suposta perda cognitiva apresentada pelo paciente, como também do exercício de sua autonomia, controle de tronco, qualidade de sono e colaboração do mesmo no seu processo de reabilitação. Neste contexto podemos destacar a importância da abordagem interdisciplinar na prevenção, identificação e tratamento de idosos vítimas de maus tratos e o quanto esse olhar atento sobre o outro possibilita uma melhor compreensão da patologia e intervenções capazes de minimizar os impactos físicos, psíquicos e sociais na qualidade de vida do mesmo.

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