Os acidentes com animais peçonhentos que envolvem idosos adquirem grande relevância, sobretudo, devido às alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento que conferem uma maior fragilidade a essa faixa etária. No Brasil os levantamentos sobre esses casos são escassos e, por isso, estudos visando uma caracterização epidemiológica dos mesmos são necessários. Realizou-se um estudo retrospectivo, descritivo, transversal e quantitativo dos acidentes por animais peçonhentos envolvendo idosos registrados nas fichas de notificação de intoxicações do Centro de Assistência Toxicológica de Campina Grande (CEATOX-CG). A amostra em estudo foi composta por casos registrados no período de Janeiro de 2009 a Dezembro de 2012. Para delinear o perfil da população atingida, foram destacadas as variáveis sócio-demográficas e as relacionadas ao acidente. Dos 540 casos analisados, 54,8% (n=296) envolveram mulheres e 45,2% (n= 244) ocorreram em homens. Na população feminina composta principalmente por domésticas prevaleceram os acidentes escorpiônicos, com 69,9% (n=207) e na masculina os acidentes ofídicos, em 38,9% (n=95) dos casos, sendo a maioria agricultores. A faixa etária mais prevalente foi entre 60 e 69 anos, com 55,1% (n=298) dos casos, quanto às ocupações, predominaram as de aposentado 57,6% (n=302) e agricultor 19,1% (n=100). Em se tratando da variável grau de escolaridade, observa-se que 46,6% (n=186) possuem ensino fundamental incompleto e 37,5% (n=151) são analfabetos. Os acidentes mais prevalentes foram com escorpião, em 52,9% (n=277) dos casos, seguida respectivamente por serpente, em 22,9% (n= 120), Hymenópteros- abelhas, formigas e vespas- em 12,2% (n= 64) e aranha, em apenas 1,5% (n=8). Em 8,6% (n=64) dos casos não houve a identificação do animal. Tais acidentes possuíram maior incidência na Zona Urbana com 73,1% (n=381) e na sua maioria foram considerados leves, sendo registrados apenas 4 óbitos (0,8%) no período analisado. Conclui-se que os acidentes ofídicos e com escorpião são os mais frequentes entre os idosos e que acometem principalmente o gênero feminino. Também se verificou que uma grande parcela possuem fatores de risco relativos a acidentes com animais peçonhentos. Assim, se ressalta a importância da prevenção e da assistência adequada nesses casos, bem como de práticas educativas referentes a essa temática.