O livro didático é um complexo objeto cultural, haja vista ser ao mesmo tempo elemento de intermediação nos processos de ensino e aprendizagem, produto comercializado que veicula conhecimento sistematizado para a formação do aluno e objeto de compra, pelo Governo Federal. Configura-se, assim, como um produto cultural composto, híbrido, influenciado por múltiplas facetas, uma vez que não só a sua produção vincula-se a variadas possibilidades de didatização do saber sistematizado, como também a sua utilização pode ensejar práticas de leituras muito diversas. Outrossim, o livro didático, tradicionalmente, é considerado um dos lugares formais do conhecimento escolar e a materialização do seu uso pelo professor encontra-se interconectada pelas representações e conceitos construídos nas múltiplas transições na história de vida docente, tendo em vista que a práxis humana constrói-se numa perspectiva retroativa, numa hermenêutica social dos atos individuais. É nesse contexto que se situou o presente artigo, entendido como uma possibilidade de contribuição significativa ao debate da educação geográfica, ao propor a compreensão das concepções construídas nas múltiplas transições na narrativa de vida do docente com o livro didático de Geografia.