A FA (Fibrilação Atrial) é a arritmia sustentada mais comum e é considerada uma das três crescentes epidemias cardiovasculares do século 21. Existe um aumento na sua incidência que está intimamente relacionado com a mudança do perfil lipídico da população. O que estabelece uma relação entre obesidade e fibrilação atrial, mesmo de forma isolada. Este artigo objetiva elencar estudos que expliquem esta relação, apontando os principais mecanismos. Para tanto, foi feita uma revisão bibliográfica sistemática da literatura, na base de dados MEDLINE, em artigos de 2000 a 2016. Os mecanismos mais destacados para tal efeito arrítmico da obesidade são a disfunção diastólica, com dilatação atrial esquerda; gordura no pericárdio e inflamação sistêmica. O IMC (índice de massa corporal) é fortemente relacionado com o tamanho do átrio esquerdo, que se relaciona com a FA, pois está ligado à acomodação de circuitos de reentrada. O tecido adiposo epicárdico, por sua vez, comporta-se como uma glândula endócrina secretora de citocinas, adipocinas e espécies reativas. A fibrose, consequente da liberação dessas substâncias contribui para a desorganização elétrica da condução, em decorrência de um remodelamento atrial. A obesidade também está ligada ao aumento dos níveis de inflamação sistêmica, que predispõe o surgimento e persistência de FA. Portanto, a obesidade relaciona-se com FA, em vários mecanismos patofisiológicos e o conhecimento dessa relação é importante para sua prevenção e tratamento.