A paródia não é um efeito de linguagem de invenção recente. Existiu na Grécia, em Roma e durante a Idade Média. Mas o fato de ser cada vez mais presente nas obras contemporâneas faz parecer que surgiu com a modernidade. Essa frequente utilização testemunha que a linguagem contemporânea se dobra sobre si numa espécie de jogo de espelhos, em um jogo intertextual. Autores que antecederam os formalistas russos aproximavam a paródia ao burlesco, como se esta fosse apenas um subgênero. Essa discussão se amplia ainda mais quando se fala em paráfrase e estilização. Assim, este estudo pretende analisar o romance brasileiro Sonho de uma noite de verão (2007), de Adriana Falcão – obra homônima à peça de William Shakespeare – dentro do conceito de paródia, observando como a autora se utiliza dos efeitos de humor e ironia ao dar contornos bem brasileiros a uma das comédias mais populares do escritor inglês.