Artigo Anais II WIASB

ANAIS de Evento

ISSN: 2319-0248

UMA CONFIGURAÇÃO SOCIOAMBIENTAL E O PROCESSO DE CONVIVÊNCIA COM A SEMI-ARIDEZ

Palavra-chaves: SEMI-ARIDEZ, CONVIVÊNCIA, RELAÇÕES DE AUTONOMIA Pôster (PO) Políticas públicas para promover a convivência com as secas
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Publicado em 24 de novembro de 2015

Resumo

Parte das pesquisas sobre o rural tem enfatizado os aspectos ambientais. Mais destaque ainda quando essa temática de análise envolve a fisiografia do bioma Caatinga, com sua peculiaridade climática. Isso exige afinado entendimento daquelas atividades produtivas verdadeiramente adaptadas ao ambiente de semi-aridez, capazes de atenderem o processo de reprodução social dos camponeses. Nesse entendimento, apresenta-se um recorte de trabalho de pesquisa de tese desenvolvida no Curimataú Paraibano, que se voltou a demonstrar que o modo camponês de agricultura cumpre múltiplos papéis, destacando o socioambiental, levando em consideração a realidade local. O estudo apontou que o lócus pesquisado apresenta-se com solo raso de média a baixa fertilidade, com intensidades pluviométricas baixas e muito dispersas ao longo do ano, caracterizando-se por período anual extremamente seco; apontou, também, que o processo histórico, evidenciou à incisiva atuação do homem sobre o ecossistema semiárido, impactando, substancialmente, o cenário ambiental. No entanto, a problemática das “secas” tem servido para designar, não só a falta de chuvas, como certas particularidades sociológicas geradas pela falta delas. Isso repercute na organização social, motivando a elaboração, cada vez em maior número, de estudos dessa situação climático-ambiental do Nordeste brasileiro. A priori, o semiárido não pode ser considerado como ambiente frágil pela falta de água. Sabe-se que é o semiárido mais chuvoso do planeta. A história tem-nos revelado que muitos projetos públicos, em sua maioria de cunho produtivista, adotados, sobretudo, a partir dos anos de 1960 do século passado foram marcados pela ausência de participação dos beneficiários, impostos na forma pacotes tecnológicos, que chegavam prontos para os ‘atingidos’, permitindo dessa forma, muita ingerência político-partidária. Prova disso, quando se levantou as atividades produtivas agrárias, viu-se que as mesmas sempre estiveram à mercê dos ditames econômicos, ignorando os limites ambientais. Por outro lado, as práticas de convivência como sendo um conjunto de atividades que compõem uma relação de um ser (o homem) com os demais seres, desse mundo, que podemos chamar de bioma Caatinga. É dessa relação que surge uma construção coletiva de bens materiais e imateriais, ou seja, um conjunto de atividades, cuja base é a busca do estabelecimento da convivência com o ambiente semiárido. Elas demonstram a outra face das relações sociais, ou seja, das relações de autonomia, frente às persistentes relações de dominação e de poder, representadas, na maioria das vezes, pelos próprios poderes instituídos (do Estado).

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