O objetivo deste trabalho é discutir os processos de individualização das mulheres no Brasil sob o ponto de vista de algumas das principais referências teóricas das Ciências Sociais e da Educação, que trazem consigo objetos de análises que têm como base a sociedade brasileira e suas especificidades sócio culturais. Aqui as questões da individualização das mulheres são pensadas como desdobramento da modernização do país, dos avanços no campo educacional e dos reflexos destes avanços, sobre as transformações nas condições de vida feminina, e em sua atuação nos espaços domésticos e públicos. Partimos de uma pesquisa bibliográfica sobre a discussão indivíduo/sociedade na teoria clássica e contemporânea da sociologia, especialmente da Escola Sociológica Francesa e da Sociologia alemã, e procuramos perceber suas repercussões nas discussões sobre o paradigma individualista no Brasil e na perspectiva das mulheres. A rota de compreensão da individualização nesse trabalho foi norteada não somente pelo ponto de vista sociológico e antropológico, mas, também pelas contribuições da história da Educação. As abordagens aqui analisadas apontaram para um conjunto de mudanças estruturais localizadas nas diversas esferas da vida social, nos valores e nas práticas dos indivíduos em geral e das mulheres. A pesquisa mostrou ainda que as mulheres brasileiras são experts em rupturas, estas as empurraram em direção à individualização, e a educação tem sido um de seus principais propulsores. Mas há que se destacar que estas mesmas mulheres são também especialistas em guardar traços apreendidos no passado, na tradição, refazendo-os no cotidiano presente de suas vidas.