Várias pesquisas em Psicologia do Desenvolvimento (Lyra e Seidl de Moura, 2000; Seidl de Moura & Ribas, 2000; 2002; Keller, 2007) têm sido realizadas com o intuito de investigar o lugar das práticas sociais na constituição do sujeito e afirmam que o processo de desenvolvimento dependerá dos recursos da criança que se formam nas e por essas interações. Este trabalho pretende dar continuidade a essas investigações e tem como pressupostos teóricos que o conceito de infância refere-se a um período de tempo na vida humana que é definido e delimitado pelos membros de uma determinada sociedade, e que a condição de ser criança está vinculada a fatores sociais e biológicos. Independente da cultura em que a criança está inserida, ela passa por um processo de maturação biológica em seu desenvolvimento, apresentando características que são universais, mas que, em amplo aspecto, depende de um “outro social”. Assim, consideramos que o desenvolvimento inicial depende de um membro da mesma espécie que irá envolver a criança num conjunto de práticas culturais. Um elo afetivo vai se estabelecendo entre a criança e o(s) seu(s) mediador(es) com o mundo, sendo esses últimos considerados agentes de socialização. Nesta direção é importante que o educador da creche tenha noções de que a criança na instituição de Educação Infantil influencia e é influenciada por esse ambiente físico e social, considerando que o desenvolvimento humano é um processo que ocorre através das interações com outras pessoas em ambientes organizados culturalmente. É necessário favorecer o desenvolvimento de todas as capacidades, mas com respeito à diversidade e as diferenças entre as crianças. De acordo com Oliveira (2007), a análise da trajetória do perfil do profissional que atua na Educação Infantil mostra que, inicialmente, o necessário para desempenhar esta função era apenas um conhecimento informal com base em experiências pessoais no cuidado de crianças ou na criação de filhos. Hoje temos o desafio de construir competências que imprimam intencionalidade nas interações entre adultos e crianças e que favoreçam uma prática pedagógico pautada na indissociabilidade entre o ato de cuidar e o educar. Sendo assim, à partir dos dados coletados até o momento, foi realizada uma análise de conteúdo das respostas. Os resultados iniciais apontam que mesmo com uma formação acadêmica considerada adequada, há uma defasagem no tocante ao domínio de conhecimentos precisos sobre o desenvolvimento global dessa faixa etária. Embora muitas citem aspectos relevantes para essa faixa etária, algumas ainda estão presas à postura puramente assistencialista na prática cotidiana. Espera-se a partir dos resultados obtidos até o momento desta pesquisa que seja viabilizado um melhor planejamento das disciplinas de desenvolvimento infantil nos cursos de formação e aperfeiçoamento de professores, contribuindo para a formação de um profissional mais próximo das necessidades do cotidiano, articulando os saberes e a teoria à prática profissional.