Um foco severo da crise escolar, na atualidade, é a perda de reconhecimento social do professor. Ele foi alçado à condição de sujeito socialmente oprimido. Se a busca comeniana do método universal de “ensinar tudo a todos” e sua ênfase nos materiais de ensino releva ambiguidades sobre a autonomia didática do mestre, as relações entre a instituição escolar e o capital, na Modernidade e no mundo contemporâneo, se encarregaram de manter o esvaziamento da instituição escolar enquanto espaço de transformação social. Pautados pela necessidade do reconhecimento em relação ao papel intelectual do professor na sociedade contemporânea, o objetivo do presente trabalho é o de proceder a leitura e crítica de um texto histórico da filosofia renascentista em que se discute a jornada da busca humana pela sabedoria e suas vicissitudes. Trata-se de “De gli heroici furori” (Os Heróicos Furores), de Giordano Bruno (1548-1600), publicado em 1585. A tentativa de contextualizar o momento histórico em que a obra bruniana foi elaborada, sincrônico aos desdobramentos da colonização europeia do Novo Mundo, assim como o propósito de articular a leitura de “Os Heróicos Furores” à demanda do reconhecimento e da formação dos professores brasileiros atuais, nos tem conduzido a uma aproximação com a história da educação jesuítica no Brasil como enfraquecimento dos ideais pedagógicos do humanismo renascentista e da figura intelectual do pedagogo.