MARQUES, Francisca Eriane Brito et al.. Soroban: cidadania e matemática. Anais VII EPBEM... Campina Grande: Realize Editora, 2012. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/1213>. Acesso em: 23/12/2024 03:12
Muitos estudantes apresentam dificuldades ao desenvolver operações matemáticas básicas no papel, mas quando transpomos tal situação a algo relacionado com o cotidiano notamos que tal conhecimento é absorvido de forma mais “fácil” permitindo aos mesmos a resolução de tal problema. Dessa maneira buscamos uma maneira interativa de fazer esta abordagem, relacionando o conhecimento matemático com questões de cidadania, através do Soroban, que é o ábaco japonês usado para ensinar as operações matemáticas aos deficientes visuais. Este trabalho tem por objetivo relatar uma metodologia para o ensino dinâmico das operações básicas da matemática, como: adição, subtração, multiplicação e divisão através do Soroban com videntes e discutir valores de respeito às diferenças. Foi ministrada uma oficina com uma turma de alunos do 6º ano para ensiná-los a manusear e confeccionar o Soroban utilizando materiais de baixo custo, como: hastes de cotonetes, pasta de arquivo, E.V.A, miçangas de dois tamanhos diferentes, papelão, fita adesiva, fita crepe e régua. Depois de apresentar uma breve introdução histórica e instruções de como fabricar e manusear este instrumento, os alunos foram desafiados a resolver, em grupo, as quatro operações usando o Soroban que haviam confeccionado. Os alunos também aprenderam como e onde fazer o download de um Soroban online, o Sorocalc, para que todos pudessem praticar melhor em casa, pois foi confeccionado apenas um Soroban por equipe. Passada a etapa de conhecimentos matemáticos teóricos e práticos, em outra aula foi proposto aos alunos que os mesmos fizessem uma entrevista com um deficiente visual o qual deveria responder perguntas relacionadas ao seu dia-a-dia, método de estudo, suas dificuldades e como faz para superá-las todos os dias. Foram discutidas também questões de cidadania como, por exemplo, formas de tratamento e ajuda que os alunos poderiam oferecer a um cego ao encontrá-lo na rua. Através desse diálogo sobre este método de ensino, vários tipos de reflexões foram proporcionadas aos alunos, pois puderam imaginar e vivenciar melhor as circunstâncias em que vivem os deficientes visuais. A maioria dos estudantes apontou o estudo com o Soroban mais divertido e interessante, mas admitiram a dificuldade em manusear o instrumento tomando assim consciência das dificuldades e limitações que esses deficientes enfrentam. Percebeu-se que um mesmo instrumento, no caso o Soroban, tem aplicações significativas tanto para deficientes visuais como para videntes.