A Revolta da Vacina foi uma rebelião popular irrompida em 1904 no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, contra a obrigatoriedade da vacinação anti-varíola estabelecida por Oswaldo Cruz. A reforma sanitária foi rechaçada pela população, que não havia sido suficientemente informada sobre a eficácia da imunização e que era vítima do autoritarismo do regime republicano, expondo o apelo eurocêntrico de modernização da cidade a partir da expulsão de camadas populares das zonas de interesse federal. Entre 2020 e 2023, o enfrentamento à pandemia da Covid-19 no Brasil expôs vestígios da Revolta da Vacina, sobretudo quanto ao negacionismo científico e fake news que conduziram à hesitação vacinal contra o SARS-CoV-2 e ao consequente aumento das mortes causadas pelas ondas de desinformação. Tomamos como base a história em quadrinhos (HQ) intitulada Revolta da Vacina (Diniz, 2021) para a elaboração de uma sequência didática (SD) para a 3ª série do Ensino Médio sobre discursos negacionistas e seus reflexos no combate a agravos de saúde pública na contemporaneidade, levando em consideração as suas bases históricas e sociais. Metodologicamente, a SD é ancorada nos Três Momentos Pedagógicos (Delizoicov; Angotti; Pernambuco, 2011). Na PI, os estudantes trazem suas carteiras de vacinação e discutem sobre a importância das vacinas e a responsabilidade da população e do Estado em campanhas de vacinação em uma roda de conversa guiada por perguntas norteadoras. Na OC, os alunos são apresentados à HQ, sendo debatidos os comportamentos dos personagens diante da Revolta e comparações com a pandemia respiratória recente. Na AC, os estudantes sistematizam medidas e políticas públicas para a adesão à vacina no início do século XX simulando a posição de Oswaldo Cruz como diretor geral de Saúde Pública. A SD construída incita atenção para uma problemática cujas raízes ainda geram enorme impacto à prevenção de doenças nos tempos atuais.