O presente trabalho aborda a degradação e os impactos socioambientais na Área de Proteção Ambiental (APA) das Lagoas e Dunas do Abaeté, localizada no bairro de Itapuã, em Salvador, Bahia. Com uma análise que integra a Geografia Física e Humana, tendo o trabalho de campo como interlocutor entre a dita dicotomia da ciência geográfica, buscou-se analisar na área de estudo os efeitos negativos da expansão urbana desenfreada e da especulação imobiliária, que ameaçam esse ecossistema frágil e culturalmente significativo. Há o enfoque da problemática da degradação contínua das lagoas e dunas por décadas, que tem causado não apenas a perda de biodiversidade, mas também impactos profundos na cultura e nas tradições das populações locais. A importância do estudo reside na conexão intrínseca entre a preservação ambiental e a cultura afro-indígena local, destacando como a proteção desse ecossistema vai além da conservação física, abrangendo também a manutenção das práticas culturais e religiosas das comunidades que têm uma relação simbólica com o Abaeté. O trabalho sublinha a resistência cultural das coletividades locais, como o Coletivo Nosso Quilombo e as Ganhadeiras de Itapuã, este último que enfrenta a desterritorialização e a perda de suas tradições, exemplificando a luta pela reapropriação do território, que traz a possibilidade de proteção ambiental através de práticas culturais tradicionais.