A maioria dos solos têm cores que vão do amarelo ao vermelho, chamadas artisticamente de ocres, exploradas nas mais antigas pinturas pré-históricas. Este trabalho aborda a importância de produções artísticas contemporâneas concatenadas às questões ambientais e as formas de produção de pigmentos ecológicos de baixo custo a partir dos solos, resgatando e aperfeiçoando a técnica milenar de produção de tinta de terra. Mediante a descrição de perfis de solo em campo, no município de Juiz de Fora, foram coletadas amostras, nas quais foram realizadas análises texturais. No Laboratório-ateliê de Cerâmica e Expressões Tridimensionais (LACe) do Instituto de Artes e Design da UFJF, foram realizados testes, onde dois critérios gerais serviram de base para qualificar as amostras quanto à adequação para elaboração de pigmentos, ambos para superfícies em papel (2D) e superfícies cerâmicas (2D e 3D): variação de tons e capacidade de aderência. Os resultados confirmaram que as amostras com partículas mais finas e homogêneas reagiram de forma mais eficiente tanto na formulação das receitas de pigmentos para papel quanto para a aplicação sobre superfícies bi ou tridimensionais das massas cerâmicas: Terracota (vermelha) e Porcelana (branca). Compreende-se que a pesquisa interdisciplinar no ambiente acadêmico importa não apenas para o desenvolvimento científico na formação de profissionais mais qualificados, adaptáveis e criativos, mas também para contribuir e retribuir para a melhoria na qualidade de vida da sociedade. Conclui-se que é possível obter resultados eficientes com soluções simples, acessíveis, limpas e seguras, aplicáveis em qualquer ambiente, seja escolar ou de produção artística independente.