Este texto apresenta a experiência da concepção, estabelecimento e reconfiguração do Grupo de Pesquisa e Extensão Negras e Negros na Computação, sediado inicialmente na Universidade Federal da Bahia e, recentemente, em expansão à Universidade de São Paulo. O percurso que se iniciou com a inquietação de ser um dos poucos pretos em um departamento acadêmico de Computação em uma universidade baiana, se expandiu ao encontrar vivências acadêmicas similares em alguns estudantes de graduação e pós-graduação. A partir da reunião negra, surgiu a necessidade de expandir as ações de pesquisa e extensão para não mais conceber estudos puristas, mas críticos e racialmente situados, permitindo não somente reconhecer o espaço, as epistemes, bem como as ações racistas do cotidiano acadêmico. Além disso, a configuração das nossas ações visa ampliar o letramento racial dos estudantes de Computação, além de apresentar mecanismos e formas de superação das barreiras raciais e sociais para o ingresso e permanência na carreira de Computação. Para apresentação desse percurso, este relato está estruturado em três partes/fases: a concepção do grupo, o estabelecimento do grupo e a sua reconfiguração a partir da mudança de instituição do coordenador. Em todas elas são apresentados os desafios e as vitórias de um grupo que se expande não só em números, mas fundamentalmente, em coragem e luta, não mais silenciosa desde o lançamento do documentário “Eu [não] sou de Computação” e o podcast “Negrégora”.