É evidente o fenômeno demográfico, com modificações epidemiológicas, do incremento do número de idosos na população. Contudo, essa população longeva, em especial aquela com mais de 80 anos pode exigir do sistema de saúde condições de atendimento e demandas próprias, exigindo além de cuidados profissionais, maior atenção das pessoas que fazem parte da rede de apoio. Objetivou-se evidenciar o olhar do idoso sobre os impactos de sua longevidade. Trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter exploratório com abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada no território de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade de Currais Novos, Rio Grande do Norte, escolhida por meio de sorteio. A pesquisa teve aprovação em Comitê de Ética em Pesquisa. A população do estudo foi composta por 11 idosos com idade mínima de 80 anos, cadastrados na UBS sorteada. A limitação dessa amostra foi realizada por saturação. Os idosos em suas falas apresentam as principais questões sobre sua longevidade, destacando, em relação a sua rede de cuidados que temia por estar necessitando cada vez mais da atenção de seus filhos, além de grande desconforto com a situação. Discute-se que os idosos apontam forte agregação entre a longevidade, o cansaço e a perda da independência, configurando-se como um grande incômodo a dependência de seus familiares para a realização de atividades diárias. Estudos identificaram que, no arranjo familiar, os vínculos são involuntários e o sentimento de responsabilidade de cuidar pode causar em estresse para ambas as partes. Conclui-se que a relação de cuidado exercida pela rede de apoio, embora, por vezes necessária, traz incomodo à pessoa idosa longeva.