O objetivo desta pesquisa é apresentar as diversas situações de violência vivenciadas por um grupo de mulheres moradoras na zona leste da cidade de São Paulo. Os dados foram obtidos através de entrevistas semiestruturadas conduzidas com 196 idosas durante o ano de 2021-2022, atendidas por um serviço especializado vinculado à assistência social. A maioria destas idosas se identificou como brancas, com idades entre 71 e 80 anos (média e mediana 76), com ensino fundamental incompleto, casadas ou viúvas. Mais de 80% delas residiam com algum familiar: cônjuge, filhos(as) e/ou netos(as). A presença de violência psicológica foi predominante, seguida por negligência, violência psicológica concomitante com financeira, e violência física associada à psicológica. Muitas destas mulheres sofriam mais de um tipo de violência, porém todas as situações ocorriam no domicílio. A violência física foi mais frequentemente relatada entre as idosas mais jovens e a negligência entre aquelas acima de 80 anos. Os filhos e filhas foram os maiores perpetradores, seguidos pelo cônjuge ou companheiro. Neste último caso, a violência de gênero acompanha estas mulheres desde muito jovens. O abuso de álcool e/ou drogas ilícitas entre os agressores foi citado, além da referência de conflitos de relacionamento entre as idosos e os perpetradores. Houve maior número de casos de violência física quando o filho(a) ou cônjuge(companheiro) apresentava alguma doença psiquiátrica. Estas idosas referem piora da hipertensão arterial, diabetes e depressão associada aos episódios de violência. Notou-se a importância de abordar a presença de violência quando da anamnese geriátrica e o quanto estas mulheres padecem de sintomas relacionados à violência que são tratados como físicos apenas, mostrando o quanto é necessário a capacitação dos profissionais de saúde para atenção às pessoas idosas.