O TDAH incide em 4% da população, conforme a OMS (Organização Mundial de Saúde) e tem sido descrito nos Manuais Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM), há décadas, com foco nos sintomas motores inicialmente e na desatenção a partir do DSM III. Passou por algumas atualizações no DSM IV (1994 e 2013) e no CID (Classificação Internacional de Doenças) 10, mantendo-se no DSM V e CID 11 com poucas alterações. Relatos sobre o transtorno são bem anteriores a inserção nos manuais, remontando há mais de um século as primeiras descrições. A produção científica é bastante significativa e vem comprovando sua incidência em diferentes populações. Porém, tanto estudo, observação, intervenção, não é o bastante para evitar controvérsias sobre causas, consequências e tratamento. Muitos estudos científicos não circulam além do meio acadêmico com a mesma rapidez e alcance que os mitos e distorções. A tríade de sintomas de base do TDAH (déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade) em tempos normais, já é suficiente para provocar inúmeros problemas de ordem acadêmica e social no sujeito que tem o transtorno. Com a pandemia e o período de ensino remoto, as dificuldades podem ser muito mais difíceis de superar. O conhecimento adequado sobre as implicações do TDAH e possíveis comorbidades pode fazer toda a diferença nesse sentido, mas ainda hoje verifica-se muita desinformação e até descrença no transtorno, creditando-se a problemas na educação familiar e na índole da criança os comportamentos inadequados, as dificuldades escolares e a falta de atenção. A Lei nº14254/2021 que dispõe sobre o acompanhamento integral para educandos com TDAH e outros transtornos de aprendizagem, acende uma luz sobre a questão e aponta para a necessidade de identificação precoce e acompanhamentos adequados sinalizando a importância do cuidado e proteção para esse público que não é público alvo da educação especial mas apresenta necessidades educacionais especiais e demanda ações específicas para seu melhor desenvolvimento e aproveitamento acadêmico, devendo ser abarcado pelos princípios da inclusão e do respeito à diversidade.