RESUMO O acesso à norma padrão da língua portuguesa brasileira é entendido como um direito a que o sujeito precisa acessar desenvolver autonomia para o uso consciente da língua materna, de tal modo que a função social dela possa ser cumprida. Porém, o grande problema da garantia do exercício desse direito é que muitas vezes ele é visto como algo inacessível, quer seja pela crença falaciosa instaurada acerca da complexidade atribuída à compreensão da Língua Portuguesa, ou pela maneira como o ensino dela tem sido conduzido nas escolas. Neste contexto, este trabalho objetiva apresentar uma discussão na perspectiva de promover reflexões capazes de fazer repensar o ensino da língua portuguesa, apontando para a necessidade de se adotar uma postura crítica quanto ao uso que se faz da língua enquanto instrumento de interação social. A discussão aqui proposta foi viabilizada a partir de uma pesquisa de campo feita com alunos do ensino médio, acerca do que eles pensam sobre o uso da gramática e o modo como o ensino dela acontece. Os postulados teóricos usados na fundamentação deste estudo dizem respeito, principalmente, àqueles defendidos por Bakhtin (1992, 1997), Bagno (1999) e Marcuschi (1999). Os resultados apontam para a conclusão de que o estigma de complexidade que o estudo da língua portuguesa carrega tem a ver com a disseminação da ideia de que aprender o nosso idioma é algo muito difícil, somando-se a isso o uso de abordagens que tornam o ensino da gramática enfadonho e complexo acaba tornando cada vez mais o acesso à norma padrão como algo distante. Assim, o que se vislumbra é a adoção de uma abordagem metodológica que assuma uma postura crítica e reflexiva acerca das normas que regulam a língua portuguesa e o modo como ela se realiza na dinâmica da comunicação.