Desde o anúncio da pandemia de Covid-19, em março de 2020, mudanças de diferentes ordens e graus afetaram as relações sociais em todo o mundo. Considerando a instauração de formas de trabalho remoto nas escolas, tanto na área administrativa como na área pedagógica, este estudo explorou respostas de 100 membros da comunidade escolar sobre a seguinte problemática: o que mudou na organização e gestão das escolas como um todo e como o projeto político-pedagógico das mesmas foi afetado? Os depoimentos foram coletados em forma de áudio por estudantes de cursos de licenciatura da Universidade Federal de Alagoas, matriculados em duas disciplinas da área pedagógica ofertadas remotamente entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022. Entre os depoentes estão gestores, coordenadores, docentes e outros profissionais da educação, responsáveis e alunos de escolas da educação básica, públicas e privadas, localizadas predominantemente em Alagoas. Considerando a riqueza do material decorrente de uma atividade de ensino, os depoimentos foram submetidos a um estudo exploratório, de abordagem qualitativa, orientado pelo método dialético, com o objetivo de compreender impactos do trabalho remoto sobre a organização e gestão da escola básica e sobre a proposta educacional das mesmas. O tratamento das fontes incluiu a transcrição, organização por temas e análise do conteúdo dos depoimentos, tendo como referências investigações de cunho crítico sobre implicações da pandemia para a educação. O trabalho está organizado em quatro partes: introdução, mudanças na organização e na gestão da escola, implicações para o PPP da escola, considerações finais. As principais conclusões indicam que com a adoção do trabalho remoto nas escolas prevaleceram o reforço à desigualdade, o improviso e/ou inadequação da organização administrativa e pedagógica e a precariedade material e formativa em relação às tecnologias de informação e comunicação.