O objetivo deste trabalho é apresentar reflexões a partir de pesquisa bibliográfica sobre a constituição da identidade de professor-artista na perspectiva da teoria de Pierre Bourdieu. Apesar do avanço em conceber arte-educação como área de formação de professores, ainda existe um distanciamento hierárquico entre quem faz arte e quem ensina arte. Essa tensão antecede o processo de institucionalização do ensino de arte na escola, perpassa as disputas no campo da arte que visam estabelecer as diretrizes para o campo do ensino. Compreendendo o funcionamento dos campos da arte, da educação e da arte-educação como campos sociais, isto é, espaços estruturados de posições que engloba indivíduos, grupos e instituições que se relacionam a partir de uma hierarquia de posições que são resultado de um processo lutas, entre diferentes forças cuja correlação determina as possibilidades de conservação ou transformação no campo. No campo social os indivíduos, grupos ou instituições interagem a partir de características, ou nas palavras de Bourdieu em disposições e atitudes. Esse conjunto é chamado de habitus, desenvolvido pelos indivíduos ao longo do tempo e que possibilita a ação diante das situações nos campos. A posição ocupada pelos sujeitos determina a abrangência e poder no interior de um campo, sendo que alguns podem comandar e outros serem comandados. Compreender a dinâmica desses campos possibilita perceber as influências das disputas entre os campos na formação do professor-artista que vai atuar na educação básica. Pensar a formação de professores de teatro é considerar as especificidades teóricas e práticas do teatro no interior do campo da arte, do contrário é possível cair em generalizações sobre os processos de formação docente, que deixaria de fora uma lógica de embates, disputas e decisões que ocorreram e estão em constante dinâmica no campo artístico.