Desde a segunda metade do século XX, percebe-se uma luta para consolidar o teatro como projeto político-pedagógico-artístico, com finalidades didáticas mais transformadoras e estéticas do que moralizantes. O presente estudo insere-se no âmbito desses debates, tendo como objetivo investigar representações de estudantes de uma escola particular do Rio de Janeiro acerca do “teatro na escola”. O referencial teórico-metodológico fundamenta-se na teoria moscoviciana das representações sociais. A pesquisa de campo foi realizada em uma escola particular na zona norte do Rio de Janeiro, cujo Projeto Político Pedagógico tem como base a cooperação, a emancipação na formação dos alunos, além da gestão democrática e participativa da escola. Nesse panorama está situada a proposta de “Teatro do Oprimido”, de Augusto Boal, cuja metodologia se constitui em instrumentos para um trabalho político, social, ético e estético que promova transformações sociais. Participaram do estudo sete estudantes do segundo segmento do Ensino Fundamental. Com base na técnica de “indução de metáforas”, foi solicitado que respondessem a seguinte questão e justificassem a resposta: “se o “teatro na escola” pudesse ser outra coisa, que coisa seria? (Pode ser um animal, um vegetal, por exemplo). A análise do material evidenciou relações das metáforas com um aprendizado que desperta emoções e liberta o aluno para que atue no mundo em que vive, transformando-o. A representação do grupo parece condensar o significado de quatro elementos articulados: “aprender” - “se libertar” - “mudar como pessoa”- “transformar o mundo”. Tais expressões são compatíveis com o Projeto Político Pedagógico da escola e mostram sua influência no aprendizado que visa provocar, por meio do teatro, mudanças pessoais e sociais. A pesquisa oferece pistas para continuidades, particularmente quanto a contrastar diferentes discursos e analisar a existência de conflitos no que se refere à implementação de projetos relacionados ao teatro na escola.