RESUMO
No texto que segue vislumbramos abordar uma análise crítica sobre a educação tecnicista no Brasil, que ocorrera no período da ditadura militar. Refletiremos como o supracitado sistema de ensino desprivilegiou uma formação discente que visa o surgimento de indivíduos singulares e afirmadores daquilo que é próprio, predominando uma concepção de educação produtivista naquele período de nossa história. Para nós, não é incorreto afirmar que tal protótipo, em muitas circunstâncias, continua vigente, tendo deixado os seus efeitos em muitas práticas pedagógicas atuais. Nosso objetivo, neste contexto, é trazer reflexões sobre aquele momento da vida educativa nacional e desse modo, contribuir para a vigilância diante do sempre iminente perigo de sermos assolados por concepções politico-pedagógicas que visam o controle extremo dos indivíduos. Para além da concepção de educação como formação humana, queremos indicá-la como transformação, pois a formação pode remeter a um modo de disciplinarização das ações e do pensamento, mas a transformação indica que somos seres sempre em devir, em constante mudança e por isso, concepções pedagógicas mais flexíveis, que levam em conta as diversas diferenças inerentes à existência precisam ser efetivadas. O nosso texto visa apresentar a educação tecnicista como portadora de uma pedagogia que privilegia o controle do ser humano ou o compreende utilitariamente, sendo este apenas objeto para criar mão de obra adequada para servir a interesses que não tem como foco primordial a sua singularidade, mas são chamados a servir a forças externas a ele como os interesses que movem a especulação do mercado e da esfera econômica. Essas são certamente forças que merecem o interesse do ato de educar, mas devem estar a serviço da vida e não podem sobrepor-se ao principal primor da educação- os humanos.