Nas interações sociais em geral agimos muito mais pela fala do que pela escrita. Diferentemente do que muitos pensam, a fala é uma modalidade da língua complexa, regida por normas específicas, e, portanto, precisa também ser ensinada. Considerando-se, assim, a oralidade como uma prática a ser explorada nas aulas de língua portuguesa, é necessário que o professor reflita sobre os objetivos relativos ao trabalho com a língua falada, uma vez que eles guiarão, além da prática propriamente dita, o que será considerado relevante para ser aprendido durante tal processo e, consequentemente, o processo de avaliação dessa aprendizagem. Um dos objetivos específicos de minha pesquisa de doutorado foi conhecer a concepção de ensino de oralidade dos professores de língua portuguesa da rede estadual de ensino de Pernambuco. Para isso, foram aplicados questionários on-line de junho a setembro de 2018, tendo como respondentes professores de língua portuguesa do Ensino Médio da rede estadual de Pernambuco. Os formulários foram criados no Google Formulários e compartilhados em redes sociais. Em termos teóricos, parte-se da pesquisa de Schneuwly (2004) sobre concepções de ensino de oralidade, realizada com professores-estudantes de Ciências da Educação na Suíça. Foi feita uma análise temática dos enunciados dos docentes, contabilizando-os de acordo com a presença dos temas, segundo a Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2011). Após a análise temática, concluí que grande parte dos professores compreende que trabalhar a oralidade é explorar os gêneros textuais orais, apontando para uma concepção sociointeracionista de ensino de língua falada.