Neste trabalho, a partir de uma pesquisa etnográfica voltada para a abordagem da educação entre os sujeitos em situação de privação de liberdade, são analisados os casos de duas reeducandas que indicaram o estímulo e a falta deste para assistir as aulas do curso Pro-Enem oferecido pela UEPB – Campus Avançado. Numa forma de avaliar a educação, como direito garantido a todos os cidadãos, sua função libertadora e a busca de mudanças pessoais das reeducandas, esse artigo permeia por experiências obtidas no Presídio do Serrotão, em Campina Grande, no espaço de detenção feminina. A perspectiva etnográfica constitui observações e entrevistas que confirmaram as motivações em participar dos programas educacionais oferecidos ao Campus Avançado (UEPB) e também a falta de estímulo em participar de tais programas, indicadas pelas reeducandas. Dialogando com autores que discutem essa problemática, como Foucault (1987) com relação à vigilância e à disciplina das reeducandas e Graciano (2008) numa abordagem direcionada ao direito à educação e às particularidades vivenciadas numa escola dentro do aparelho penitenciário. Os resultados obtidos evidenciam a tentativa pessoal das entrevistadas de mostrar a elas próprias e à sociedade seus potenciais intelectuais e morais, tentativa esta que encontra na burocracia judicial uma forma de enfraquecer os ideais de superação. A pesquisa propõe a reflexão das desigualdades sociais que resultam em problemas de ordem educacional, a situação do processo de escolarização dentro de uma penitenciária, as perspectivas de futuro das apenadas, seja com relação ao mercado de trabalho ou à inserção num curso técnico ou superior, tudo isso embasado numa proposta teórico-metodológica do campo da etnografia.