O ano de 2022 foi marcado pelo retorno ao modelo presencial, ou seja, de uma vivência em educação pós-pandemia que vem nos surpreendendo e colocando em xeque concepções de educação, escola, docência, currículo e didática tão presentes e/ou cristalizadas em nossos discursos pedagógicos. Dessa maneira, fomos conversando no CAp-UERJ sobre nossas concepções e práticas, também debatemos sobre o racismo e a luta antirracista em nossa sociedade a partir do Projeto de Iniciação à Docência (ID) propondo uma didática racial na escola do tempo presente. Objetivamos contribuir com tantas inquietações na/para a formação docente, sobretudo nas questões que se põem entre a escola de educação básica e a universidade, a partir dos dispositivos das Leis 10.639 e 11.645. Tomamos como interlocutoras autoras negras, por exemplo, Lélia Gonzalez, Nilma Lino Gomes, Azoilda Loretto da Trindade, bell hooks, Sueli Carneiro e Beatriz Nascimento. Nosso desafio é pensar/agir/lutar a favor de práticas antirracistas no cotidiano escolar. Metodologicamente, trabalhamos a partir de dois caminhos: i) o trabalho com as teorizações sobre o campo do debate racial a partir de autoras negras que nos ajudam a pensar/propor uma didática racial na escola. ii) o trabalho com a literatura no ciclo de alfabetização do Ensino Fundamental, em turmas de 1º e 2º anos, ao longo dos anos letivos de 2021 e 2022 respectivamente. Fomos produzindo uma reflexividade sobre/com as infâncias e as questões raciais: o que dizem e pensam as crianças sobre o racismo? Como pensam e o que dizem sobre a luta antirracista? Assim sendo, lemos e debatemos alguns livros pautados na dimensão racial: i) Tem gente com fome de Solano Trindade; ii) Ubuntu, Mandiba de Regina Gonçalves; iii) Kakopi, Kakopi de Rogério Andrade Barbosa; iv) A cor de Caroline de Alexandre Rampazo; v) Omo-Oba - histórias de princesa de Kiusam de Oliveira. À guisa de conclusão, podemos pensar que as crianças vêm assumindo uma linguagem de identificação sobre o que é racismo, por exemplo, chamar alguém de macaca. Além de denunciar casos de racismo presentes dentro da instituição. As vozes das crianças do CAp-UERJ são lidas como potências que nos ensinam mais e mais sobre um mundo possível problematizando questões de raça/cor e, dessa maneira, produzindo uma didática racial sensível à realidade da escola.