Este artigo pretende reconhecer a trajetória do componente curricular “Convivência Ética” e seus desdobramentos na formação dos estudantes e da equipe docente que compõe a mesma. Trata-se de uma disciplina oferecida na grade curricular das séries finais do ensino fundamental, em uma escola da rede particular da cidade de São Paulo, desde 2020. São previstas aulas semanais com debates, ações antibullying e de acolhimento, assembleias gerais e de classe, discussão de dilemas morais, sequências didáticas e projetos interdisciplinares que estimulam a autonomia, a participação ativa dos jovens na vida escolar, engajamento na própria aprendizagem e a valorização do ambiente democrático. O grupo de professores que ministram esta disciplina são um corpo multidisciplinar que fazem parte de uma rede que vem sido tecida através de parcerias e apoio mútuo, com destaque para o engajamento e compromisso com uma educação que estime os direitos humanos, a democracia e respeito aos estudantes. Partimos da premissa das teorias de Paulo Freire, sobretudo na relação dialógica com as alunas e alunos e na valorização dos múltiplos saberes que atravessam a relação aluno-professor, bem como, procuramos apoio na teoria de desenvolvimento moral de Jean Piaget. Ao longo destes anos notou-se maior participação dos estudantes nas aulas, no senso de justiça e no exercício de colaboração coletiva para melhorias da estrutura escolar e da convivência entre eles, no entanto são desafios o maior engajamento dos alunos na própria aprendizagem, a auto responsabilização pelas ações individuais ou coletivas e os limites entre liberdade, ação e sanção. Quanto ao grupo docente, notamos uma tensão entre posturas autoritárias e o exercício da autocrítica, no entanto, houveram melhorias em relação à escuta ativa, valorização da autonomia dos estudantes, além de maior respeito e incorporação da essência que o projeto representa.