Este artigo visa compreender como o gênero, enquanto marcador social de diferença, é promotor de alteridade na produção de sentidos de jovens espectadores. Um vídeo sobre o tema “vigilância sanitária” produzido por estudantes do ensino médio, foi disponibilizado para dois grupos de alunos não produtores do mesmo, em uma comunidade escolar. Em seguida, foram realizadas entrevistas semiestruturadas coletivas e remotas. Estes estudantes foram divididos em dois grupos por gênero, para os quais o vídeo foi disponibilizado separadamente. Em cada grupo havia diversidade de raça e sexualidade. As respostas das entrevistas foram analisadas de acordo com a análise de conteúdo. A recepção evidenciou assimetrias de gênero e raça na audiência investigada. O olhar diferenciado dos espectadores de cada gênero merece destaque analítico. O lugar social ocupado pelos espectadores, a depender do seu pertencimento ao gênero feminino ou masculino, é constituinte dos endereçamentos percebidos e afeta suas leituras sobre a obra.