De acordo com Pramod K. Nayar (1989), o colonialismo teve seu clímax entre os séculos XVIII e XIX, e teve como base um mecanismo de exploração pautado na diferença de cultura, raça, religião, entre outros fatores (NAYAR, 1989). Ao longo deste processo, as nações colonizadas foram marcadas pela escrita sob perspectiva europeia, com um discurso que influenciou a escrita a construir perfis de identidade e representações unilaterais de diversas culturas até os dias atuais. Ora, para subverter tal ordem, fazemos uso da escrita das mulheres como ferramenta, pois ela é capaz de revelar sua potencialidade criadora, com novos caminhos, imprevistas soluções e inesperadas veredas (BRANCO e BRANDÃO, 2004). Nosso aporte teórico se pauta nas contribuições de Spivak (1988), Nayar (1989), Branco e Brandão (2004), Woodward (2014), Tadeu da Silva (2014), Hall (2014), Bacellar (2020) e Françoise Vergès (2020). Com isso em mente, nosso objetivo neste trabalho é investigar como Luiza Romão, em seu poema "Local de Nascimento" (2017), viabiliza uma leitura feminista e decolonial da posição da mulher na sociedade latino-americana. Com este estudo, propomos reiterar a relevância da escrita das mulheres na América Latina como ferramenta decolonial, evidenciando opressões, questionando processos históricos e o fazer identitário marcado pelo discurso europeu. Ora, sob essa perspectiva, acreditamos que a escrita das mulheres não somente evidencia tais opressões, mas funciona como ferramenta catalizadora no processo de contestação e subversão desta ordem.