Este trabalho parte do princípio fundamental da função pedagógica da visita técnica enquanto recurso didático de aproximação do estudante, com um determinado local e grupo social a ser visitado, observado e convertido em conhecimentos adquiridos com os sujeitos. Dentro dessa perspectiva, o objetivo central dessa pesquisa está em abordar, discutir e refletir a aprendizagem adquirida por meio do contato direto dos educandos do curso de especialização em educação do campo do IFCE Campus Crateús, com os/as trabalhadores/as acampados no Acampamento Elisabete Teixeira, no município de Ipueiras/Ceará, pertencentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra/ MST. A metodologia utilizada para a coleta de dados, baseou-se em uma pesquisa bibliográfica sobre os principais conceitos que regem a política da educação do campo, a saber: Movimentos Sociais, Questão Agrária e Políticas Públicas, afim de compreender sua história e a luta como dimensões formativas e imprescindíveis para uma política de Educação do Campo. Somado a isso, foi realizado um questionário com os estudantes que participaram da visita técnica. A pesquisa revela que os educandos entenderam a diferença entre conceitos como acampamento e assentamento, compreenderam que para a posse da terra, o estado brasileiro precisa realizar a mediação entre os trabalhadores/ MST com o dono da propriedade através da política de reforma Agrária e das outras políticas públicas. Além disso, foi observado que, os estudantes não compreendiam todo o processo de organização política que os acampamentos têm que desenvolver para conquistar a posse e uso da terra. A pesquisa serviu também para desconstruir ideias e concepções equivocadas sobre o MST, por vezes reproduzidas pela mídia e pela população, sendo classificados de "invasores de terra". Com a visita, os educandos aprenderam que a terra somente é ocupada se esta não tiver cumprido sua função social, de produzir, gerando alimento e ou renda para quem dela necessita.