O presente artigo tem como objetivo analisar o modo como o Suplemento A Gazeta Juvenil, publicada em formato de tabloide no jornal A Gazeta (SP) propagava ideias literárias vinculadas à cultura indígena durante a sua terceira e última fase de circulação (1948-1950), tendo em vista o avivamento do sentimento de pátria e nacionalidade, em um momento singular, que trata do Pós-Guerra, em que a produção intelectual foi profundamente marcada pelo debate de ideias políticas, pelo anticomunismo, pela elaboração de projetos de desenvolvimento e pela ideologia do nacional-desenvolvimentismo, a qual marcou uma reorganização política e econômica da conjuntura brasileira. Trata-se de uma pesquisa histórica e bibliográfica, de cunho analítico e descritivo que tem como fonte de pesquisa as 89 últimas edições do Suplemento A Gazeta Juvenil, publicadas entre os anos de 1948 e 1950. A Gazeta Juvenil apresentava os povos indígenas por meio de textos literários e histórias em quadrinhos, especialmente, nas colunas intituladas: “ Lendas de Nossa Terra”; “Índios do Brasil”; “História do Brasil e “ O que Convém Saber”, por meio das quais dava ênfase a diversidade de povos que compunha a nação brasileira (italianos, japoneses, portugueses, negros, indígenas etc.). Entretanto, à medida que representava as culturas europeias como contribuintes do progresso econômico, político e intelectual da nação brasileira, os povos indígenas eram representados por sua cultura exótica, modo de vida nômade e simples e por suas danças típicas. Isto é, os povos indígenas eram representados pelo Suplemento de forma estereotipada, isolada, desconexa e desarticulada de uma discussão mais ampla do contexto histórico, político e cultural da época, sem levar em conta sua rica contribuição para a formação da sociedade brasileira.