A COVID-19 é uma doença respiratória aguda causada pelo vírus SARS-Cov-2, que se espalhou rapidamente pelo mundo. Embora o distanciamento físico tenha sido reconhecido como a melhor maneira de prevenir a contaminação e implementado na maior parte do mundo, os impactos dessa medida também devem ser investigados. Diversos estudos relatam os efeitos protetores da participação social para a saúde do idoso, com descrição de efeitos positivos sobre a qualidade de vida, massa muscular, equilíbrio, cognição e menores taxas de comorbidades e incapacidades. O cortisol atua no funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e como um preditor central de saúde ao longo da vida, enquanto o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) tem sido considerado importante no neuroplasticidade. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto do distanciamento físico nas concentrações séricas do BDNF e cortisol em idosos antes e durante o distanciamento físico devido a COVID-19. Foram incluídos no presente estudo idosos (idade > 60 anos, n=21) de ambos os sexos, dos quais foram coletadas amostras de sangue nos períodos de março (T0), setembro de 2020 (6 meses) e junho 2021 (15 meses) para analise das concentrações de BDNF e cortisol por ELISA. Foram excluídos os participantes que tiveram testes positivos para COVID-19 ou que não compareceram para as coletas de 6 e 15 meses. Os dados foram analisados pelo teste de Mixed model com post-hoc Tukey. Não foram detectadas diferenças significativas nas concentrações de cortisol para nenhum dos períodos avaliados (p=0,72). Porém, os níveis de BDNF foram significativamente reduzidos tanto aos 6 meses quanto aos 15 meses após início do distanciamento físico (p=0,011). Dentro das limitações, é possível sugerir que o distanciamento físico poderia trazer impactos negativos para a função neurocognitiva de idosos devido a redução dos níveis de BDNF observada durante 15 meses.