“A Mulher Desiludida” publicado por Simone de Beauvoir em 1967, reúne três histórias que versam sobre a angústia do envelhecimento vivenciada pelo sujeito feminino. Se para muitos a chegada da velhice demarca um confronto com os arrependimentos diante do tempo que não pode ser recuperado, para outros, no caso das personagens femininas desta obra, ela aparece como uma desilusão frente aos acontecimentos e às intercorrências de suas vidas, a saber: o luto pela perda da filha, a traição do parceiro e o conflito relacionado ao amor materno não correspondido. O conto “A idade da discrição” aborda o sentimento de obsolescência de uma mãe perante o seu filho, que não segue os mesmos ideais políticos por ela defendidos. Em “Monólogo”, vemos uma mulher adoecida pela perda da filha, às voltas com os fracassos emocionais que permeiam sua trajetória. Na última história que dá nome ao livro, a protagonista, abandonada pelo marido e desprezada pelas filhas, nos relata o sofrimento perante esse desamparo. Dessa forma, objetivamos analisar a obra numa perspectiva psicanalítica, compreendendo a velhice na experiência das mulheres de cada conto, no um a um, a fim de investigar o que os três casos narrados nos ensinam sobre o confronto com o real da perda, do amor e da solidão. Supomos que a escrita de Beauvoir nos permite questionar o Outro social e o feminino, no sentido de quais os ideais culturais que norteiam a vivência das mulheres na velhice.